terça-feira, 12 de janeiro de 2010

70 anos.

Era a idade que farias hoje. Como serias tu com 70 anos? Quando te despediste de nós, quase não tinhas cabelos brancos ( e eu, já com tantos, o mano velho sai a ti, também nisto, sai a ti, quase que não tem cabelos brancos). Tenho tantas saudades tuas. Continuas tão presente na minha vida. Lembro-me tantas vezes de ti, de nós, das férias, das prendas, do green sands que bebíamos, dos nossos domingos de manhã a ler o Record e a Bola, as viagens a Chaves e as pantufas aos quadradinhos que trazias para mim e para a mana. Ai a mana, continua a ser a menina do papá, quando as coisas lhe correm mal, quando é contrariada, suspira por ti, " o pai era a única pessoa que gostava de mim, era o único que me compreendia", como vês, os mimos que lhe deste chegam e sobram para durar até hoje. Mas como serias tu, hoje, com 70 anos, que relação terias com os teus 5 netos? Uma família cheia de rapazes como sempre sonhaste e depois, a Princesa das Princesas, a Rita! O que pensarias tu da minha nova vida? Uma vida sem aquela pessoa de quem tu gostavas tanto e que, por isso mesmo, nunca te importaste que eu chegasse tarde ou que passasse férias sozinha. Como serias tu, hoje, com 70 anos? Terias, por certo, um orgulho enorme do negócio que o mano e mana levam para a frente de forma brilhante e ponderada e com tanto sucesso e com tanto dos teus ensinamentos (e com algumas discussões pelo meio, ainda te lembras do feitio da menina, verdade?); e o Tomás e o Salvador como seria a vossa relação? Será que conseguias mudar o Salvinho para o Glorioso? Como serias tu, hoje, com 70 anos? E com a mãe, como seria a vossa relação hoje? Continuarias a gostar dos almoços fora aos domingos? Continuarias a querer alugar casas junto à praia, mesmo não gostando nada de praia, só para nos fazeres a vontade? E da Tânia, o que dirias, está tão grande, já no último ano da faculdade, a tua pequenita. Como serias, tu, aos 70 anos, o que dirias disto tudo por que estou a passar neste momento? Dirias para ter calma, para respirar fundo, para pensar bem naquilo que quero e, depois, dirias para avançar e, quando eu avançasse, sabia que tu estarias ali para me apoiar se eu caisse....

E é isto que me faz falta, a tua mão para me apanhar!

2 comentários:

Daniela disse...

beijo grande minha querida

Ana disse...

Lindo! adorei o texto e o sentimento que tão naturalmente, conseguiste colocar!
Bjs