terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Da [minha] vida!

Verdade seja dita que não me posso queixar da vida. Verdade que já sofri alguns dissabores. Mas também tive umas quantas vitórias. Sem querer uma ordem especial, não posso deixar de pôr à cabeça os meus dois filhos. Dois tesouros que tenho ali por quem sou capaz de tudo! O curso que tirei; o trabalho que desenvolvi de forma apaixonada e motivada no movimento sindical; as viagens que fiz; os meus sobrinhos e família; ver a Tânia a tirar o seu curso e ser sua madrinha também na Queima; os amigos que fui fazendo; os livros que fui lendo; os filmes que fui vendo! As refeições que fiz, umas tão boas outras...nem tanto!  As gargalhadas, as noites de folia, o quentinho da manta no sofá; os almoços na casa da mamã ao domingo; os petiscos do mano; as refilices da mana. Tudo! uma vida cheia de coisas boas.
Mas, também, de coisas más. E aqui a primeira que me lembro sempre quando penso em coisas más, é a perda do meu pai. Ninguém está preparado para ficar sem pai, muito menos quando se tem só 24 anos; as dificuldades respiratórias do Salvador; a diabetes do meu irmão; o estado debilitado e de cansaço da minha mãe; a mudança de emprego e todas as expectativas criadas e completamente goradas; não ser magra; o Benfica nem sempre jogar "à Benfica"; a pré-adolescência do meu Tomás; a imaginação que às vezes não é suficiente para escrever textos bons (e o critério de avaliação é meu); a falta de iniciativa para começar a escrever o livro sobre a vida do meu Pai; E outras que ficam por escrever. uma vida cheia (também) de coisas menos boas.
Mas isto tudo para dizer que, o dia 11/02 vai ficar marcado para sempre na minha vida como um dia menos bom. Um dia em que me senti traída, magoada, agredida por quem não estava à espera! A quem tenho dado - e vou continuar a dar - tudo! Dou o meu amor, o meu tempo, a minha boa e má disposição, o meu bom e mau humor. A quem dou noites de sono profundo e noites de agitação deliciosa. A quem eu, depois de grande resistência, acabei por ceder! E ficar feliz com a decisão! Com quem tenho vivido momentos tão bons, tão cheios de amor, de companheirismo, de cumplicidade. Mas que cometeu um erro. Um erro simples pouco grave. Que nem sei se foi um erro se foi um "quase-erro". Não sei. Nem me interessa. O que conta é que magoou. Muito. E eu não estava à espera. E está a ser difícil aceitar e andar pr'a frente e dar a volta!

E há já 3 noites que não durmo (será este texto sintoma disso mesmo?!?!)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A saga das urgências pediátricas!

Ontem, após um contacto com a Saúde24 fui aconselhada a levar o Tomás ao hospital, uma vez que apresentava sintomas de gripe forte, nomeadamente, dores de cabeça, muita febre e tonturas.
Diagnóstico que ao fim de quase 5 horas de espera foi confirmado. Mas até aqui chegarmos muita coisa aconteceu.

A primeira coisa que tenho que esclarecer é que sou uma defensora acérrima do serviço nacional de saúde, defendo de forma intransigente este artigo da Constituição da República:
Artigo 64.º
Saúde
1. Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover.
2. O direito à protecção da saúde é realizado:
a) Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito; (...)

Feita esta ressalva, retomo a saga de ontem: 10 minutos depois de ter chegado fui com o Tomás à triagem, relatei os sintomas, mediram-lhe a febre (39.2), administraram-lhe um anti-pirético e pediram para lá voltar 35m depois. Assim fizemos. Mediram a febre de novo, tinha 38.7, isto é, a febre estava a descer, mandaram-nos para a sala de espera. E fomos. Sem suspeitar que ali ficariamos 4 horas à espera da consulta do médico.

Uma sala cheia de crianças, pais, avós, carrinhos de bébé e afins. Quem não estivesse doente, sairia de lá, certamente com alguns virus. As crianças estão lá porque estão doentes, por isso mesmo, choram, gritam, estão impacientes....o ambiente perfeito para o Tomás que estava cheio de dores de cabeça. Mas, verdade seja dita, tenho uns filhos que não são nada chatos quando estão doentes, são até muito pacientes!

Bem, depois de termos conseguido arranjar sitio para nos sentarmos ( e sm, houve gente que teve de ficar de pé, as cadeiras estavam todas ocupadas!), era tempo para observar o que nos rodeava. Uma sala de espera para crianças com um único livro para todos. A entrada para as consultas de psiquiatria faz-se pela sala de espera da urgência pediátrica, o que faz com que as crianças tenham de assistir, por exemplo, a um doente que entra por ali e põe-se a tirar fotos a torto e a direito, depois vem o segurança que diz que não pode ser, o senhor das fotos não aceita, vem a polícia, e as crianças assistem aquilo tudo de olhos esbogalhados! Não há uma única televisão para entreter as pessoas. As cadeiras são duras e velhas. O ambiente é frio e muito pouco acolhedor. Valem as máquinas de café e de águas no corredor para dar um pouco (muito pouco) conforto a quem ali espera horas a fio.

E depois, no meio disto tudo, chego à conclusão que quando estamos defronte do médico somos assistidos tal e qual num hospital privado. A médica que viu o Tomás foi muito atenciosa e carinhosa a até brincou com ele!

E agora pergunto, será que há necessidade de, quem opta pelos hospitais públicos para ser atendido e bem atendido, sofrer tanto até à consulta?! Mais ainda, quando sabemos que quem opta pelos hospitais privados se tiver algum problema é reencaminhado para o público??

Depois disto tudo, resta-me escrever uma carta para o Hospital fazendo algumas sugestões.