A minha vida nos últimos anos tem sido fértil em grandes decisões. Já conto com várias. Umas de grande monta outras mais pequenas mas igualmente importantes, outras ainda pequenitas. Mas sempre decisões. Sempre opções. Sempre dois caminhos. Sempre a imperatividade da escolha.
Gosto de decidir! Seja o que vestir, o que fazer para o jantar, que caminho tomar, que calças dou aos putos para vestir; o que ponho na sandes do pequeno almoço. Rosabaya ou roma na Nespresso. Decidir. Gosto de decidir. Sempre gostei. Como diz um amigo, pior que decidir mal, é não decidir.
E hoje apetece-me escrever sobre uma má decisão: a mudança de local de trabalho. Estava eu convencida que "lá" já não aprendia (mais) nada (e sim "lá" aprendi muito, aliás, aprendi TUDO!). Que a rotina me estava a matar. A correria para o barco, a confusão logo pela manhã. A falta de tempo para os meninos. Tudo me estava a cansar. Tudo me aborrecia. Precisava de mudar. E mudei.
Mudei-me para "cá". Cheia de expectativas. De sonhos. De vontade de aprender a trabalhar num mundo tão diferente daquele que deixava para trás. Cheia de vontade de fazer coisas. De escrever. De dar o meu contributo para que as coisas por aqui corressem melhor. De ajudar.
Um ano e alguns meses depois, chego à conclusão que foi uma má decisão. E aqui, assumo por inteiro a culpa disto! Não me adaptei, não me adapto. Todos os dias tento e tento muito. Tento intensamente. Tento veementemente. Tento desesperadamente. Acreditasse eu em Deus e diria que ele tem sido testemunha disto mesmo. Eu leio. Eu escrevo. Eu tento perceber. Tento ajudar. Opino. Sugiro. Mas é tudo ao lado. Tudo me sair enviesado. Não me consigo adaptar. Sinto que não faço nada de jeito!
Claro que quem está a ler isto (sim, continuo a acreditar que ainda há quem leia este blog :)), não deve, porque não seria justo, concluir que tudo está a ser mau. Pelo contrário. Conheci pessoas boas, que me ajudaram, que me ensinaram que trabalhar "aqui", não é mesmo do que trabalhar "lá" , aprendi procedimentos que nem sonhei que existissem. Aprendi a usar expressões como: "proceda-se em conformidade", "por incumbência do...", "de acordo com o despacho de".
Tenho a certeza que usarei estes ensinamentos ao longo da vida. Mas não sentir-me realizada profissionalmente para mim é castrante e doentio. Impede-me de acordar bem disposta e outras coisas que não vale a pena descrever que não quero tornar este texto um muro de lamentações!
E sim, neste caso, deito a toalha ao chão! O que vou fazer a seguir? Não sei! E isto, isto sim, está a dar cabo de mim! Uma coisa de cada vez, hoje foi dia de exteriorizar. Agora é pensar. E decidir!
Já vos disse que gosto muito de decidir?!?!