quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A saga das urgências pediátricas!

Ontem, após um contacto com a Saúde24 fui aconselhada a levar o Tomás ao hospital, uma vez que apresentava sintomas de gripe forte, nomeadamente, dores de cabeça, muita febre e tonturas.
Diagnóstico que ao fim de quase 5 horas de espera foi confirmado. Mas até aqui chegarmos muita coisa aconteceu.

A primeira coisa que tenho que esclarecer é que sou uma defensora acérrima do serviço nacional de saúde, defendo de forma intransigente este artigo da Constituição da República:
Artigo 64.º
Saúde
1. Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover.
2. O direito à protecção da saúde é realizado:
a) Através de um serviço nacional de saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito; (...)

Feita esta ressalva, retomo a saga de ontem: 10 minutos depois de ter chegado fui com o Tomás à triagem, relatei os sintomas, mediram-lhe a febre (39.2), administraram-lhe um anti-pirético e pediram para lá voltar 35m depois. Assim fizemos. Mediram a febre de novo, tinha 38.7, isto é, a febre estava a descer, mandaram-nos para a sala de espera. E fomos. Sem suspeitar que ali ficariamos 4 horas à espera da consulta do médico.

Uma sala cheia de crianças, pais, avós, carrinhos de bébé e afins. Quem não estivesse doente, sairia de lá, certamente com alguns virus. As crianças estão lá porque estão doentes, por isso mesmo, choram, gritam, estão impacientes....o ambiente perfeito para o Tomás que estava cheio de dores de cabeça. Mas, verdade seja dita, tenho uns filhos que não são nada chatos quando estão doentes, são até muito pacientes!

Bem, depois de termos conseguido arranjar sitio para nos sentarmos ( e sm, houve gente que teve de ficar de pé, as cadeiras estavam todas ocupadas!), era tempo para observar o que nos rodeava. Uma sala de espera para crianças com um único livro para todos. A entrada para as consultas de psiquiatria faz-se pela sala de espera da urgência pediátrica, o que faz com que as crianças tenham de assistir, por exemplo, a um doente que entra por ali e põe-se a tirar fotos a torto e a direito, depois vem o segurança que diz que não pode ser, o senhor das fotos não aceita, vem a polícia, e as crianças assistem aquilo tudo de olhos esbogalhados! Não há uma única televisão para entreter as pessoas. As cadeiras são duras e velhas. O ambiente é frio e muito pouco acolhedor. Valem as máquinas de café e de águas no corredor para dar um pouco (muito pouco) conforto a quem ali espera horas a fio.

E depois, no meio disto tudo, chego à conclusão que quando estamos defronte do médico somos assistidos tal e qual num hospital privado. A médica que viu o Tomás foi muito atenciosa e carinhosa a até brincou com ele!

E agora pergunto, será que há necessidade de, quem opta pelos hospitais públicos para ser atendido e bem atendido, sofrer tanto até à consulta?! Mais ainda, quando sabemos que quem opta pelos hospitais privados se tiver algum problema é reencaminhado para o público??

Depois disto tudo, resta-me escrever uma carta para o Hospital fazendo algumas sugestões.

1 comentário:

Rita disse...

Que cenário surreal!

Depois conta a resposta do hospital às tuas sugestões!